Por: Marcia Belmiro | Crianças | 18 de agosto de 2020
Em time que está ganhando não só se mexe, como se pode fazer uma transformação completa. É assim que funciona a rede de educação da Finlândia, no norte da Europa. Desde 2000, a Finlândia está entre as primeiras posições do Pisa, avaliação que mede os conhecimentos de matemática, ciências e língua materna de estudantes de 15 anos dos países da OCDE.
Em 2016, as autoridades de educação do país nórdico decidiram implementar uma grande mudança, desde a educação infantil até a universidade. Na época da reestruturação, Marjo Kyllönen, então secretária de educação da capital, Helsinque, deu uma entrevista na qual esclarecia os pontos fundamentais do projeto:
“Aumentar a participação dos alunos, aumentar a significância da aprendizagem e permitir que todos os alunos se sintam bem-sucedidos em seu aprendizado acadêmico e socioemocional. Os princípios que orientam o desenvolvimento do sistema educacional da Finlândia enfatizam a escola como uma comunidade de aprendizagem.”
Resultados rápidos
Já no início da implantação do novo projeto a Finlândia foi eleita o país com melhor educação primária do mundo, de acordo com o relatório de competitividade global 2016-2017 elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.
Marjo Kyllönen conta que a ideia principal foi sair do modelo de educação da era industrial e sintonizá-la com a era informacional que vivemos, trocando a obediência pela colaboração dos alunos. “No período de transição, a orientação principal dada aos professores é que eles pudessem aprender a partir das próprias experiências, sem medo do erro”, lembra Marjo.
Hoje, o modelo educacional da Finlândia está sendo exportado para países como o Brasil (em redes de instituições privadas). Isso acontece por meio de uma criação conjunta entre profissionais finlandeses e brasileiros, de modo a adaptar a proposta à realidade local.
Na prática, o que faz da educação da Finlândia um sucesso e quais lições podemos aprender com esse país?
Confira alguns detalhes:
– Ambiente de aprendizagem de baixo estresse e altamente desafiador.
– Todas as crianças são tratadas como indivíduos talentosos e valorizados, sem sacrificar sua infância com excesso de tarefas.
– Ênfase em habilidades como trabalho em equipe, empreendedorismo e sustentabilidade.
– Política de educação nacional contra o bullying nas escolas.
– Intervalos de 15 minutos para recreação externa a cada hora, até o ensino médio.
– Aprendizado multidisciplinar, por meio de projetos que integram várias matérias e alunos de níveis distintos.
– Objetivos específicos para cada aluno, determinados em conjunto com os professores (sem comparações entre alunos nem rankings).
– O educador não é visto como detentor do conhecimento, mas como um facilitador do processo de aprendizado (cujo protagonista é o aluno).
– As avaliações não se restringem a provas e testes (que existem, mas são consideradas complementares). Há autoavaliações, avaliação entre pares e até os professores são avaliados pelos estudantes.
– Os alunos avaliam seu aprendizado com base em metas estabelecidas individualmente.