Por: Marcia Belmiro | Crianças | 03 de fevereiro de 2021
Ser mãe é uma sucessão infinita de dúvidas enormes, e algumas situações específicas são as campeãs da insegurança materna. Entre elas podemos citar: desmame, desfralde, dificuldade da criança para dormir na própria cama, desorganização, brigas com irmãos e colegas e não cumprimento de rotinas.
No artigo de hoje vamos abordar o desmame. Quando iniciá-lo? Como garantir que as necessidades do bebê – em termos de criação de anticorpos, mas também nutricionais e afetivas – não sejam prejudicadas?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o aleitamento exclusivo (sem complementação com outros tipos de leites, água, chás ou alimentos sólidos) é recomendado até os 6 meses de idade, e o aleitamento combinado a outras formas de nutrição seja mantido até os 2 anos de idade ou mais.
No Brasil, a média de aleitamento exclusivo é de 54 dias, e o desmame total geralmente se dá antes de 1 ano de idade. As razões são inúmeras, sendo algumas das principais a curta licença-maternidade prevista em lei (de apenas 4 meses), a confusão de bicos (chupeta e mamadeira) e a crença de que a amamentação prolongada pode provocar prejuízos à psique da criança.
O que diz a ciência
Segundo o psicanalista D. W. Winnicott, para que o processo de desmame seja bem-sucedido é necessário que tenha se consolidado na criança uma boa experiência de amamentação, de modo que o desmame vá se mostrar como uma continuação natural da amamentação.
Quando ocorre um desmame abrupto, pode haver consequências psicológicas para o bebê. Assim, o processo ideal de desmame é aquele que respeita o tempo singular de cada um – mãe e bebê –, ocorrendo de forma orgânica e natural. Quando o desmame natural não é possível, o recomendado é que a mãe o conduza de uma forma carinhosa e acolhedora, acolhendo as necessidades do filho e também as próprias necessidades.
A amamentação é uma fonte não só de nutrientes, mas de conexão e prazer para a mãe e para o bebê. Quando essa troca deixa de existir, independentemente do motivo – a mãe estar cansada é um bom motivo, por exemplo –, esta é a hora de iniciar o desmame.
“Mesmo que você ache que seu filho não tem capacidade de compreender a situação, converse com ele, explique suas razões. Mostre ao bebê que ele não vai perder a mamãe por não ter mais o ‘mamá’, mas que na verdade vai ganhar novas formas de interação e brincadeiras que não existiam antes”, orienta Marcia Belmiro.
Muitas mulheres, mesmo estando certas de que o melhor no momento é conduzir o desmame, se sentem mal quando ele se concretiza, seja porque acreditam que o filho não vai ficar bem, seja por um sentimento de luto por ver seu bebê crescendo.
Para evitar esse tipo de situação, confira abaixo alguns sinais de que a criança está pronta para o processo de desmame:
1. Menos interesse nas mamadas;
2. Aceita variedade de outros alimentos;
3. Aceita outras formas de consolo;
4. Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais;
5. Às vezes dorme sem mamar no peito;
6. Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar.
Como conduzir o desmame da forma mais acolhedora possível? Confira o passo a passo:
a) Demonstrar paciência e compreensão;
b) Dar suporte e atenção adicionais à criança, através de outras brincadeiras e outras atividades que possam ser interessantes no convívio materno, para além da amamentação.
c) Atentar-se para uma estabilidade na vida da criança, de modo que o início do processo de desmame ocorra sem outras grandes mudanças concomitantes.
d) Garantir que haja boa aceitação de outros alimentos pela criança, de forma que ela não tenha prejuízos nutricionais.
e) Sempre que possível, desmamar gradualmente. Pode-se tentar retirar uma mamada do dia a cada 1 ou 2 semanas, ou tirar a mamada noturna e em seguida as diurnas etc.
Fontes:
“6 Situações infantis que podem ser cuidadas pelo KidCoach” – Parte integrante do livro Atendimento Parental, Familiar e Escolar – Método CoRE KidCoaching® (material exclusivo para alunos do Programa de Formação Kids Coaching).